sexta-feira, 21 de março de 2014

Dom de líguas!


Quando eu oro em línguas:

"Paulo identifica os cataclismos naturais como gemidos da criação. O cosmos está grávido, e suas contrações se intensificam à medida que se aproxima o momento do parto, quando um novo céu e uma nova terra emergirão. De maneira análoga, nós que temos as primícias do Espírito também “gememos em nós mesmos”. O próprio Espírito produz esses “gemidos inexprimíveis”, cuja intenção somente é conhecida por Ele. Esta é a linguagem do Espírito. Em vez de palavras cuidadosamente escolhidas, gemidos que revelam os anseios mais profundos da alma. Ninguém, exceto Deus, pode sondar o âmago da alma humana, e interpretar o que não pode ser exprimido em palavras. E por que tais anseios não podem ser expressos em palavras? Porque, todavia, não foram revelados à mente humana. Em outra passagem, Paulo diz que “as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram à mente humana, são as que Deus preparou para os que o amam. Deus, porém, as revelou a nós pelo seu Espírito. O Espírito penetra todas as coisas, até mesmo as profundezas de Deus. Pois qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Nós, contudo, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. Disto também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, pois lhe parecem loucura, e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co.2:9-14).

Quando somos regenerados, nosso espírito torna-se um só espírito com Ele, numa experiência que podemos identificar como “batismo no Espírito Santo”, de maneira que as coisas antes ocultas nos passam a ser compartilhadas. Esta revelação não se submete ao crivo da mente ou dos sentidos. São coisas que os olhos jamais viram, os ouvidos não ouviram, nem subiram à mente humana. O labirinto instalado em nossa mente, formado de nossos pressupostos, preconceitos, presunções, é driblado pelo Espírito. Tal labirinto é chamado por Paulo de “fortalezas espirituais”, construídas a partir de raciocínios humanos (1 Co.10:4).

Nosso homem interior (espírito) agora é conectado diretamente à Mente de Cristo (1 Co. 2:16). Ao orarmos, não sabemos expressar com palavras inteligíveis aquilo que está revelado ao nosso espírito. Não encontramos qualquer analogia que seja suficientemente precisa para exprimir o que sentimos ou aquilo pelo qual ansiamos. Temos a impressão de que um rio de águas vivas está borbulhando em nosso ser, e que a nossa mente é incapaz de represá-lo. Daí a necessidade de ‘verbalizar’ estes gemidos inexprimíveis. Ainda que não pronunciemos uma única sílaba, o dom de línguas poderá manifestar-se através de sussurros humanamente indecifráveis. Um misto de alegria e expectação toma o nosso ser. Bordões e jargões religiosos são incapazes de externar o que sentimos. Então, gememos. Unimos nossa voz ao coro da criação, num grandioso coral que manifesta a expectativa daquilo que está por vir. Sem a manifestação deste dom precioso, a expectação corre o risco de tornar-se ansiedade."

Interpretar é orar no Espírito e no entendimento, edificando a si e a igreja:
“Assim também vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles para a edificação da igreja. Pelo que, o que fala em língua, ore para que a possa interpretar. Pois se eu orar em língua, o meu espírito ora, de verdade, mas o meu entendimento fica sem fruto. Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento, cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento. De outra maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o não instruído o Amém sobre a tua ação de graças, visto que não sabe o que dizes? Em verdade tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado.” 1 Coríntios 14:12-17

Repare: não recebemos o dom para interpretar o que o outro diz, e sim o que nós mesmos estamos dizendo. Não se trata, porém, de interpretar a língua em si, uma vez que esta não possui a estrutura comum aos idiomas humanos. Trata-se, antes, de interpretar os anseios que brotam do nosso coração, de maneira que possamos expressá-los, ainda que imperfeitamente, em nosso próprio idioma. Nosso objetivo ao pedir que o Senhor nos permita compreender tais anseios é poder compartilhá-los com os demais, e assim, edificá-los tanto quanto a nós mesmos. O que queremos não é impressionar ninguém com nossa super-espiritualidade, mas compartilhar o que nos foi confiado. Assim, quem ora conosco poderá dizer um sonoro “amém”, em concordância com nossa oração.

Graça e paz!!!

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